segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Pequeno conto meu

A Ligação

Desespero. Olhando telefone e o relógio em perfeita sincronia, um após o outro, fazia meio que uma prece. Um pedido a qualquer santo, deus ou representante de qualquer crença. Rogava por forças... forças para continuar acreditando.

Uma briga, uma verdadeira futilidade capaz de fazer desmoronar toda uma confiança. O que é um olhar? Olhamos para as coisas, para as pessoas a cada minuto, ou melhor, a cada segundo. Mas não... tinha de ser um olhar diferente...

Percebia a distancia cada vez maior a cada vez que o ponteiro do relógio mudava de posição. Aquela era uma mudança que levava sua vida. Cada mudança no ponteiro agia como uma estacada, como um som estridente apontando o seu ERRO, ERRO, ERRO.

Por que fui olhar para aquela pessoa? Por que não tentei disfarçar? Como fazer para reverter a situação? Tem como reverter?

Passa pela sua cabeça o súbito desejo de ligar, pedir perdão, implorar se for preciso. Mas isso também é um risco muito grande. Só os fracos imploram por perdão. Principalmente se você não considera que fez algo que o mereça.

Não, não, não. Se quiser, que me procure! Oras, também tenho o meu brio, afinal de contas quantas vezes a mesma situação aconteceu do lado contrário e nada fiz... não por impotência, mas nada fiz, pois nada havia para ser feito.

Susto! O tão desejado acontecimento se inicia e com ele uma espécie de calvário. O telefone finalmente tocou. Algo tão almejado passa a trazer um mar de dúvidas. O que esperar da voz do outro lado da linha? Não sei se terei forças para agüentar um belo de um chute. Pior do que isso, não sei como reagir, como manter a postura diante do inevitável. No meio de toda esta confusão, o tempo passa... e o telefone continua a tocar. Sua música atordoa meus pensamentos, não consigo raciocinar.

A ligação é direcionada a caixa de mensagens. Não! Pior do que levar um fora é tê-lo registrado para posteridade. Agora só resta ouvir, apagar e acabar com todo o tormento. Mãos trêmulas ao discar o número da caixa postal. Respiração difícil. Tenho de aguardar. O tempo. A voz. Surge a voz que tanto esperava. Doce. Uma voz que amo. E foi como se o tempo parasse e deixasse de comandar as nossas ações.

(19/08/09 – 22h30 – Noite chuvosa!)

3 comentários:

  1. Sabes que curto muito ler e também tento escrever contos...Esse pequeno e lindo conto me fez passear nas lembranças de quando vivia apaixonado.Por um momento pensei está lendo alguma letra de música do Arnaldo Antunes,mera coincidência,por que na verdade, nenhum desse escrito me fez lembrá-lo,pois refiro-me a forma e ao jeito de escrever,que você conserva intrinsecamente. Ele é Gostoso de ler, é "Inebriante", não no sentido de ser narcótico mas no de ser EXTASIANTE!!Quero ler outros!

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  2. Valeu, Natan! Logo, logo novidades surgirão aqui! Afinal, para que uma Editora, né??? kkkkkkk

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